quarta-feira, 8 de abril de 2009

Morri sufocado com o ego

Quando eu morrer, gostaria de deixar meu corpo para a caridade. Peso cerca de 80 quilos e acredito que toda essa carne que carrego poderá ajudar muitas pessoas a não passarem mais fome por um bom tempo. Aproveito a minha morte (pois jamais teria coragem de fazer isso em vida) para iniciar uma campanha: doe seu corpo e salve o mundo da fome. Quanto mais gordo e inútil você foi enquanto vivo, mais útil e altruísta será na morte, os atléticos boçais que zombaram dos gordos serão os mais desnecessários, seus ossos servirão para limpar os dentes dos famintos. As mulheres gordas e deprimidas que só conseguiam uma foda por piedade ou necessidade dos machos serão as mais amadas. O mundo será mais justo depois disso. Obrigado pela atenção sobre minha morte, amigos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Nada além

Se eu terminar meu livro, publicá-lo e fazer sucesso, sentirei-me menos vazio? Se eu conseguir um emprego, um bom salário e uma esposa feliz com filhos educados, sentirei-me menos vazio? Se eu descobrir uma teoria, que não seja apenas teórica, mas real, que ajude verdadeiramente os homens em quaisquer áreas humanas, econômicas, metafísicas ou universais, sentirei-me menos vazio? Se eu criar uma revolução, mudando os parâmetros da vida, alterando o destino ao inverso, uns para cima e outros para baixo ou, então, com piedade, igualar todos, esquecendo o passado, mas de forma perfeita e plena, sentirei-me menos vazio? Se eu encontrasse a verdade divina, conhecesse o pós-morte, a verdade rastejante dos homens medrosos, sentirei-me menos vazio? Existe algo que eu possa fazer, diante de tantas opções, de tantos heróis a serem revelados, de tantos deuses a serem esperançados, de homens a serem conhecidos, existe algo ainda a fazer-me ficar menos vazio, um valor a se encontrar em qualquer partícula do universo que possa encher minha alma e deixar-me sentir algo que seja verdadeiro para meu corpo e para minha cabeça ou continuarei assim, não importando quão grande seja a obra realizada, pequeno eu ainda serei para mim mesmo e tudo ao meu redor continuando menor ainda.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A capacidade de distorcer a realidade

Fala-me uma amiga: “Não fique assim, erga-se, escolhe as decisões mais racionais possíveis e então siga-as, sem olhar para trás.” Questionei: “E você consegue fazer essas coisas?”. Ela balbucia e diz que sim. Eu não acredito e reclamo: como pode comentar algo que não se faz? Quantas pessoas conseguem tomar as decisões mais racionais de suas vidas e, de repente, mudarem todos seus erros em acertos? Ninguém, suponho. Então, de onde vem a capacidade do ser humano de criar conselhos pré-estabelecidos e impossíveis.

Sei que minha amiga não pensou no meu problema, nas minhas condições e apenas disse o que já estava na sua cabeça como o mais correto para dada situação (aliás, para todas), mas gostaria de compreender em que momento o ser humano criou esses conselhos já tão suplantados na mente humana, mas que ninguém acredita e muitos querem ouvir.

Não há conselho a ser dado, em verdade. Dirá alguém para seu amigo que perdeu sua namorada (não por morte, mas por abandono) que não há o que fazer, que ele irá sofrer, chorar, magoar-se, tentar tê-la novamente e perdê-la enfim. Depois talvez o amigo chegue a um momento de aceitação da sua realidade, algumas vezes terá recaídas e ligará chorando para sua moça, perguntando como ela está e, a pior, se está com alguém, se não o ama mais. As respostas vão decepcionar, mas ele vai conseguir superar isso: com o tempo ou com a morte. Mas, onde fica o amigo que aconselha o outro dizendo tais palavras? Conselhos são inúteis, são irreais, são impossíveis, o que existe é uma realidade tão repetitiva, constante e clichê, que todo mundo vê e entende, mas que não se tem coragem para falar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Encontro de um cristão com Cristo

Procurei Cristo em igrejas, em palavras, em pessoas, mas não o encontrei. E foi buscando dentro de mim, que ele se revelou...


CRISTÃO: Senhor, vou sempre à igreja e guardo todos os seus mandamentos. Tenho minha casa, meus carros e posso dar o que meus filhos e minha esposa pedem. Tudo que consegui foi por sua graça, meu Mestre.

JESUS CRISTO: Você só pode ser meu discípulo, se renunciar a tudo que possui, se vender os seus bens e der o dinheiro aos pobres. Assim, terá um tesouro no Reino dos Céus. Siga-me, saia da igreja e seja cristão. (Lc 14,33; Mt 19, 21; Mc 10, 21; Lc 18,22)

CRISTÃO: Mas, Jesus, eu já sigo o Senhor há muito tempo. Tornei-me muito feliz, depois de entrar pra igreja e ouvir a Sua Palavra. Por que me diz isso agora? Não posso dar todos os meus bens, porque tenho que sustentar minha mulher e meus filhos. Preciso trabalhar muito pra ganhar a vida. Tenho que ter minha dignidade.

JESUS CRISTO: Quem ama mulher ou filhos mais do que a mim, não é digno de mim. Quem quiser ganhar a sua vida irá perdê-la; mas quem perder a sua vida por amor a mim, irá ganhá-la. Quem não negar a si mesmo, carregar a sua cruz diariamente, e me seguir, não é digno de mim. (Mt 10, 37-39; Mt 16,24-25; Mc 8, 34-35; Lc 9,23-24)

CRISTÃO: Mas não posso perder coisas que tanto necessito. Como irei comprar os brinquedos de meus filhos, e as roupas de minha mulher?

JESUS CRISTO: Não acumule tesouros na Terra, onde ladrões penetram e os roubam. Acumule tesouros no Reino dos Céus, onde os ladrões não penetram nem os roubam; pois, onde está o seu tesouro, aí também está o seu coração. Você não pode servir a dois senhores ao mesmo tempo; ou você serve a Deus ou você serve às riquezas. Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus, que está dentro de cada pessoa. Aquele que põe sua confiança nas riquezas não encontrará Deus dentro de si mesmo, pois o seu deus está fora dele. Porque é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, que um rico entrar no Reino de Deus. (Mt 6,19-24; Mt 19,23-24; Mc 10,23-25; Lc 18,24-25; Lc 17,21)

CRISTÃO: Tudo bem, Senhor Jesus. Vou dar tudo que não preciso pra viver. Não quero mais ser um rico insensato que acumula tesouros que se acabam. Mas, Senhor Jesus, o que farei amanhã, sem tudo o que tenho? Não posso ser um mendigo. O que irei comer? O que irei beber? E o que irei vestir?

JESUS CRISTO: Não se preocupe com o que irá comer, beber e vestir. Não se inquiete com todas essas coisas mundanas. Deus sabe que você precisa delas, mas busque em primeiro lugar, o Reino dos Céus e sua justiça; e Deus lhe dará o que você precisa. Portanto, não se preocupe com o dia de amanhã; basta a cada dia o seu mal. E por que você se preocupa só consigo mesmo? Eu estava com fome e você não me deu de comer; estava com sede, e não me deu de beber; estava nu e você só se preocupou em vestir a si mesmo; estava doente e preso e você não me visitou. (Mt 6, 25-34; Lc 12,22-31; Mt 25,42-43)

CRISTÃO: Quando foi, Senhor, que te vi, com fome, ou com sede, ou nu, ou doente, ou preso e deixei de te ajudar?

JESUS CRISTO: O que você deixou de fazer a qualquer pessoa necessitada, por egoísmo, a mim é que você deixou de fazer. (Mt 25,45)

CRISTÃO: Mas, Senhor, eu deixarei de andar com meus irmãos da igreja para andar com pobres infelizes?

JESUS CRISTO: Bem-aventurados os que são pobres, pois deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os que sofrem fome, pois serão saciados. Bem-aventurados os que agora choram, pois haverão de rir. Ai de quem é rico, pois, já tem a sua consolação. Ai de quem está farto, sofrerá fome. Ai de quem agora ri, irá andar com luto e chorar. (Lc 6,20-25)

CRISTÃO: O que mais eu posso fazer para me salvar?

JESUS CRISTO: Aos homens isso é impossível; mas a Deus tudo é possível. (Mt 19,26; Mc 10,27; Lc 18,27)

Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a praticam. (Lc 11,28)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O não-eu

Um mundo cheio de buracos. O vazio que se instala em cada canto mostrando seu silêncio afável. Músicas distantes tocam para mim, mas não as ouço, de tão longe que elas vêm percebo apenas a alegria de quem canta. Ali posso me ver, estou perdido nos dias sem noites, sem senso e nem humor. Eu sinto que perdi as canções que estava a tocar. Tocava, tocava, as músicas que compus ontem parecem mais felizes hoje. O ontem é sempre mais feliz. E eu aqui sentado no vazio das minhas palavras. Palavras que eu já disse: "tu não te igualas ao pensamento" e hoje eu sei: "meu pensamento tornar-se inferior a vós". Isso e todas essas palavras pomposas, hipócritas, desiguais que não me dizem respeito. Eu não me digo respeito. E tudo que escrevo está perdido. E tudo que eu sei é tolice.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Tempo indo

Perdir-me. Perdi a vontade de escrever, os desejos antigos, as habilidades de antes. A preocupação de escrever um livro, um clássico. Sempre a preocupação com o futuro, incerto, perdido, como se isso valesse-me a vida. Que é esta preocupação diária com a minha imaginação? Pois o futuro é minha imaginação e minha suposição. Inútil meu tempo torna-se assim. Só isso e nada mais.

sábado, 21 de junho de 2008

E então - vários meses fora


Ao lado, a imagem da dedicatória de minha monografia, recusada pela banca avaliadora do "Centro de Ensino Unificado do Teresina".

Coisas estranhas, ultimamente. Sem saber se o que se faz é certo ou não. Os estudantes de jornalismo da minha sala passaram 4 anos sendo humilhados por uma coordenação omissa e preguiçosa e, agora, os professores se sentiram ofendidos com a dedicatória de um trabalho monográfico que dizia:

"Dedico este trabalho a alguns professores do Centro de Ensino Unificado de Teresina (CEUT) que tentaram, de forma triste e pouco criativa, ensinar um jornalismo preguiçoso e corrompido. Provei-lhes que é possível fazer o contrário."

terça-feira, 6 de maio de 2008

Medo

Medo de escrever. De ler. De encontrar os conhecimentos que procuro. Enfrento? Aqui respondo com atitudes vazias.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Limite

Sempre tive repulsa pelos cansados. Aquela gente que se cansa de lutar por algo e simplesmente senta em cima, desistindo de ser quem era. Sempre os acusei de medrosos, de preguiçosos etc. Mas, agora acho que os julguei um pouco (um pouco!) mal. Não que os proteja, ainda acho um erro aceitar o cansaço e ir embora da vida. Mas que às vezes algo nos "ataca" tanto, que deixamos de sentir como antes. Talvez não seja cansaço, mas é uma defesa. O casco fica grosso e nem as dores se sentem mais. Não. Não sentir as dores não é nada bom.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mais uma?

Acorde, Petrus. Acorde para tudo. Quantas vezes já não me perdi em minhas animações passageiras? Eram apenas fôlegos desse mar em que afundo a cada dia? Não sei. Mais uma bolha de ar veio para mim. Acorde, acorde e nade cá pra fora, meu filho, venha logo, você ainda pode ver o sol, venha cá, digo a mim. Vamos, este é o fôlego de agora. Vejamos para onde vou.