terça-feira, 14 de agosto de 2007

Velho sonho

Deixa-me deprimido o modo como um velho amigo está, atualmente. Parece que contraiu uma doença fatal ou que está usando drogas. Não sei se é apenas comigo, mas sempre parece abatido. Não fisicamente. Mas sua vida parece estar presa num buraco negro infinito, que ele não consegue sair e que está caindo eternamente. Não que a minha seja muito diferente. Mas a minha parece mais uma areia movediça, em que quando estou saindo, caio de novo. Vou sair e caio de novo. Mas um dia eu vou ou fico. Mas ele não. Não luta contra a família opressora. Bem, ele não dá importãncia a ela. Mas, mesmo assim, ela o afeta de certa forma a deixá-lo doente, como um morto. Mas como alguém indiferente a quase tudo, como ele aparenta ser, pode se deixar, ao mesmo tempo, se abater com tudo? Sinto-me um pouco culpado. Tanto por ele estar como está como por ter permitido isso. O que teria acontecido se tivéssemos seguido outro rumo? E se hoje estivéssemos numa militância fervorosa por algum propósito idiota? Ou se estivéssemos numa sede por criar e criar coisas para o mundo, desespedamente, como se o mundo precisasse de alguma coisa de nós? Ou se tivéssemos seguido rumos totalmente incompreensíveis para nós como tornar-se alguém (completamente) fútil ou completamente certo de seus propósitos? Ou se esse é o nosso karma? E se o importante não é chegar, mas sim, seguir o caminho, e se assim o for, por que o caminho não está nos trazendo nada de importante? Ou será que essa é a nossa importância? Ou se somos livres e a vida é uma só e então estamos deixando de aproveitá-la ou aprender algo de realmente bom para nossas cabeças? E se todas essas perguntas são o problema de que sempre pergunta-se e desconfia-se demais das coisas, ao invés de aceitá-las? E se ele é o meu oposto, meu alter ego, a minha sombra que luta contra meus desejos, que se torna meu lado negro para eu conseguir me enxergar plenamente? Por que a vontade dele de ser um grande nada arrasa e destrói minha ânsia doentia de ser tudo para mim mesmo? Certezas. Forças. Descobrimento. O que se espera? O que se esqueceu? E o que o desejo de um ser como o outro nos deixa tão distantes ou tão próximos? Ou mesmo que tudo que se ver sendo faz-nos transformar no contrário daquilo? O que é tudo isso? Um arranhar na superfície. Ou um mergulho intenso no nosso imenso nada.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O garotinho

O garotinho tenta achar palavras para descrever todos os sentimentos do mundo. Encontrou poucas e não descreveu nem um pouco de si mesmo.

Um pouco de esperança

Como eu pude me acomodar na crença que eles tinham em mim? Acomodei-me, usei-os de travesseiro para minha pequena e rápida ditadura do poder, por isso, perdi-o rapidamente. Como puder esquecer dos sonhos antigos e dos pensamentosj? Das idéias de liberdade e sobre fugir daquela seca infinita que guardavam os seus pecados? Eu trouxe a esperança e do mesmo modo a levei de volta para longe do coração deles. Perdi-os ao cair de costas sobre seus braços firmes, que me desejavam bem, mas que eu nem me lembrava quem era, de tão bêbado do poder que me era concedido. Como, não sei. Trazer de volta a esperança que eles ganharam e perderam por minha culpa.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A bondade infinita dos filhos de Deus

Gênesis - Cap. 47, vers. 13.

José, filho de Jacó (que depois foi chamado de Israel e fundou esse país) e protegido de Deus, era um homem muito bondoso e misericordioso. Ele morava no Egito e previu que o Egito ficaria 7 anos em seca e fome. Pensando nisso, teve a idéia de lucrar em cima da pobreza que cairia sobre aquele país e contando seu plano ao Faraó, decidiram armazenar comida e vender durante a estiagem. Eles também decidiram que não contariam a ninguém mais sobre a previsão de José, pois outras pessoas poderiam guardar um pouco de comida e então os lucros de José e Faraó diminuíriam.

Chegou a seca e José ficou muito feliz por poder ganhar dinheiro quando ninguém mais podia. Vendia a comida acima do preço de mercado, obviamente, pois apenas ele tinha para vender. Lucros incríveis de mais de 500%.

Mas, como os pobres egípcios, por causa da seca, não tinham como produzir e assim venderem, gastavam todo o dinheiro comprando mantimentos de José, mas não tinham como ganhar nenhuma moedinha de ouro ou prata. E chegou o momento que não mais poderiam comprar de José, então foram mendigar:

- José, não temos mais nada! Você vai deixar-nos morrer em tua presença, podendo nos dar um pouco de alimento, em troca da bondade infinita de Deus?

E José como ótimo negociante que era, não deixaria passar uma oportunidade de lucro:

- Vocês não tem dinheiro, mas tem gado. Dêem-me o gado de vocês e eu lhes daria a comida.

Os egípcios não queriam perder o gado, que era a única esperança de um dia voltarem a trabalharem, quando a seca acabasse, mas para não morrerem de fome, deram o gado a José.

O gado acabou e novamente eles foram implorar:

- José, não temos mais dinheiro ou gado. Por acaso tu vais deixar-nos morrer de fome aqui, na tua frente, sob os olhares bondosos e justos do bom Deus?

E novamente José, filho de Israel, bisneto de Abraão, patriarca do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo, o mesmo Abraão estelionatário, descendente próximo de Noé, todos filhos protegidos e amados do bom Deus, respondeu:

- Vocês não têm mais gado ou dinheiro, mas têm o corpo e as terras. Sejam meus escravos e permitam que eu usurpe suas terras e que vocês sejam escravos eternos das terras do Faraó.

Os pobres egípcios aceitaram, pois sabiam que era melhor serem escravos do que morrerem de fome.

E assim se iniciou uma das 12 tribos de Israel, todos sob a proteção do infinitamente bom e misericordioso, Deus.
E por que todo o poder que sente não lhe diz nada? E de tudo que acredita, nada lhe traz satisfação? A luta que travaria poderia não ter sentido nenhum à humanidade, mas um sentido completo para seu coração. O que ainda não encontrou...

domingo, 5 de agosto de 2007

A visita

O amigo se foi. Deixou um restinho de bebida ainda no copo, pras formigas beberem. Deixou o vazio de seu lugar no sofá, que nem mais quente está. As conversas trocadas entre os dois ficaram vagando no ar até o outro dia chegar e limpar tudo, limpar as palavras trocadas até mesmo da lembranças dos dois amigos que se despediram sem dizer adeus ou até logo ou até amanhã, mas apenas virando as costas um para o outro. Não desejavam mais se verem ou trocarem pensamentos ou vaguearem no mundo dos planos sonhados e inacabados que sempre rodeia os amigos. E um dos dois, ao virar as costas pro amigo pensou que a vida e muita coisa que possuímos e sentimos morre antes do nosso corpo. E ele sorriu ao achar idiota o pensamento de que a vida acaba antes de terminarmos de viver e sorrindo foi morrer em sua cama, antes do dia amanhecer.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Abraão, o estelionatário

De Gênesis, capítulo 20:

Abraão foi viver com sua mulher em Gerar. Quando chegou lá, disse ao rei daquele lugar, Abimeleque, que sua esposa, Sara, era, na verdade, sua irmã. Sem saber que Abraão mentia, Abimeleque tomou Sara por sua esposa. Então, ao anoitecer, veio Deus em sonhos para o rei de Gerar:

- Vais morrer por tomar para ti uma mulher casada! - disse Deus.
- Quem é casada? Sara? Mas o Senhor vai punir alguém inocente? Abraão disse: "Sara é minha irmã". E ela também lhe disse: "Abraão é meu irmão." Se pequei, ó Deus, foi com sinceridade no coração - respondeu Abimeleque com o coração aterrorizado.
- Acredito que foi com sinceridade no coração que errastes. Então, restitui-lhe a esposa ou morrerás - finalizou Deus o sonho do grande rei.

Abimeleque, desesperado, chamou Abraão e perguntou-lhe:

- O que lhe fiz de mal para trazeres tanto temor as minhas terras?

E Abraão, protegido de Deus, respondeu:

- Se eu dissesse que era minha esposa, então, matariam-me. E bem... ela também é minha irmã, da parte do Senhor Deus.

Abimeleque então com medo de Abraão deu ovelhas e bois para Abraão e restituiu-lhe a esposa, Sara. E de todas as terras de seu reino, Gerar, Abimeleque disse que Abraão poderia escolher a que melhor lhe confortasse para viver o quanto quiser.

E Deus devolveu a fertilidade que lha havia tirado das mulheres de Gerar por causa de Sara.