quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Limite

Sempre tive repulsa pelos cansados. Aquela gente que se cansa de lutar por algo e simplesmente senta em cima, desistindo de ser quem era. Sempre os acusei de medrosos, de preguiçosos etc. Mas, agora acho que os julguei um pouco (um pouco!) mal. Não que os proteja, ainda acho um erro aceitar o cansaço e ir embora da vida. Mas que às vezes algo nos "ataca" tanto, que deixamos de sentir como antes. Talvez não seja cansaço, mas é uma defesa. O casco fica grosso e nem as dores se sentem mais. Não. Não sentir as dores não é nada bom.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mais uma?

Acorde, Petrus. Acorde para tudo. Quantas vezes já não me perdi em minhas animações passageiras? Eram apenas fôlegos desse mar em que afundo a cada dia? Não sei. Mais uma bolha de ar veio para mim. Acorde, acorde e nade cá pra fora, meu filho, venha logo, você ainda pode ver o sol, venha cá, digo a mim. Vamos, este é o fôlego de agora. Vejamos para onde vou.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Filhos

Quando tiver meus filhos - se os tiver - tentarei deixá-los os mais independentes de mim possível. Diferente da minha mãe, que tenta me mimar, comprando-me com comida, dinheiro, gentilezas e uma subserviência incômoda, não quero ser assim. Mais jovem, nunca desejei ter filhos, aquela velha ladainha de achar que o mundo é ruim demais para filhos, que os pais projetam (isso nem tanto ladainha) nos filhos os seus sonhos frustados etc. Eu poderia tentar ter um filho depois de realizar meus sonhos mais possíveis, seria uma saída dessa mentira. Mas a questão são os mimos e os pais servirem de empregados aos filhos. Incomoda-me isso em minha mãe. Penso que ela sente que já sou um "grande rapazinho" e que ela vai me perder para o mundo, por isso ela insiste em ir para onde eu vou, de me dar tudo na boca, assim ela pode pensar que eu vou me consolar e ficar com ela. Mas eu já me perdi a muito tempo desse conforto. Os mais interioranos (e para mim, uns pé no saco) dirão que eu sentirei falta quando me distanciar da família. Besteira. A coisa que mais me felicitou foi me distanciar de toda essa hipocrisia familiar, dessa ajuda egoísta que cada um dá para o outro para depois pedir de volta (quando não, ter um status de dominador e vencedor da família). Agora a mãe minha está ali, cozinhando para seu filho de 5 anos, bem, é como ela me trata. Mas ah! Vá o filho dela contrariar os princípios dessa mulher, dali não existe mais filho e nada mais. É uma pena. Se tudo isso fosse por ela estar preocupada com minha solidão, minha falta de convívio familiar e essas coisas, eu poderia até estar feliz e respeitar os cuidados que ela me dá, mas, não é nada disso. Ela só tem medo da solidão que ela sentirá, pois perderá o último filho para o mundo e assim - já que ela é mulher de nenhum amigo - perderá o único que a tem com respeito e talvez amor. Isso é triste, para mim e para ela.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Intolerância

O que será essa intolerância crescente dentro de mim? Não posso esperar um minuto a mais por outra pessoa ou um comentário desagradável e inoportuno que vem uma raiva. Raiva de mim mesmo, dirão os psicólogos mais tradicionais - e chatos. Talvez. Ou insatisfação por eu ter que me esconder, por eu ter que aceitar certas coisas. Eu não aceito. Eu escondo. Eu não posso fumar agora porque minha mãe não pode saber, pois ela sabe o que é melhor pra mim (na visão dela) e vai me encher de palavras que não tenho interesse em ouvir (um interesse meu). Seria justo? Ela não vê o filho dela num estado negativo (no caso, fumando) e eu poupo meus ouvidos de certas idiotices. Não sei se é justo, ainda falta algo para mim, pois estou escondendo algo que preciso mostrar, ou preciso fazer no momento não permitido. Isso é apenas um exemplo, obviamente. Mas é algo diário em minha vida. Em qualquer ocasião Não fale algo que chateará alguém, não vá a um lugar que não desejam sua companhia, não coma muito pois você é melhor assim. Só sei que fica assim. Todos ditando o que devo fazer, alguém dentro de mim se escondendo e se irritando cada vez mais por, além de seguir ordens imbecis, ainda ter que ouvir ladainha e atraso das pessoas.