quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Morte

Eu acordei num campo verde infinito. Havia algumas árvores distantes, um caminho rasgado entre o gramado que levava a uma montanha verde. O céu não tinha uma nuvem. Não havia ninguém ao meu redor. E não importa o quanto eu ande, o campo é sempre o mesmo, as árvores estão no mesmo lugar, tudo no mesmo lugar, sempre. Essa é a minha visão da morte... da minha morte.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vida, um pouco dela...

Será a vida algo tão importante que devemos correr atrás dos prazeres, como se eles nos trouxessem uma alegria infinita e eterna? Penso que não. A vida é dolorosa e as pessoas sempre desejaram lutar contra sua vitória, pois elas também querem as próprias vitórias, e não deixaram você vencer primeiro. E se você aceita perder? E se aceita que tudo que lhe disseram para ter uma vida boa é uma mentira. Enganaram-lhe esse tempo todo, dizendo para você ser bonito, rico, estudioso e trabalhador. E se a dor for a saída para que sua vida seja algo realmente importante? A dor física e a dor mental. Todas essas coisas que o mundo lhe diz que são coisas ruins, e se for a verdade que lhe completaria? Enquanto pessoas morrem de fome, sem terem o que comer, outras vivem com coisas desnecessárias, sorrindo felizes por terem essas coisas inúteis. Isso é vitória? E até mesmo as pessoas pobres são levadas a crer que os que as dominam estão corretos, que eles, por deterem o poder, são privilegiados e suas vidas são felizes. Será essa uma felicidade verdadeira? Parece que não, pois quando se perde essas coisas que lhe dão prazer, a felicidade vai junto. E quando se descobre a felicidade na dor e no seu próprio ser. Pode-se ser eterno assim. Pois a dor acompanha todo ser humano. A dor de viver e de morrer. Isso nos traz alegria, orgulho. Orgulho da dor. Pois esse sou eu, essa dor é um pedaço de mim. E nada que tenho é um pedaço de mim. Apenas eu mesmo. Os dois caminhos, o da ilusão e o da realidade, serão duros de se traçar. Os dois trarão mágoas, dores, dificuldades, medos. Então, por que escolher o caminho que no fim, se acaba? Esse caminho superficial que nunca lhe pertencerá. Ao contrário do caminho real, que é eterno, que mesmo após sua morte, se alastrará pela eternidade do mundo, que terá uma gota do seu sangue. Não somos o que temos. Então por que sempre se quer mais e mais? E por que se esquece o que somos? Não se dá valor ao seu verdadeiro eu, a sua alma, seu mente, seu peso. E não se dá esse valor porque até agora, você não possui esse valor e nem mesmo você poderia perceber isso. Até mesmo quando uns dizem que procuram a elevação espiritual, estão apenas buscando facilidades para como Deus, para que ele torne suas vidas cheias de dádivas e facilidades (até mesmo depois de mortos). Por que Deus é tão bom? Ou mau? Ou Deus é seu mordomo pessoal que basta você dar um pedacinho de sua fé hipócrita e egoísta e assim ele lhe concederá todos seus pedidos? Nem mesmo parece Deus, pois falsamente as pessoas dizem se curvar e reverenciar a Deus, mas ele precisa dar mimos para que vocês os amem e depois? Depois Deus é que reverenciará todos aqueles que enganaram e diziam amá-lo. É assim que vocês vêem o Deus de vocês? E se, na verdade, ele quer a dor de vocês para saber até que ponto vocês o amam? Viveriam no inferno eterno em sacrifício a ele? Sentiriam a dor do fogo eterno que vocês tanto temem por ele? Isso sim seria amor. Pois sei que o que vocês mais prezam são esses prazeres parcos e pobres e mundanos, cheios de adoração pelo dinheiro e pelas riquezas. E então, vocês se privariam disso eternamente para mostrar que amam o Deus? Isso seria amor. Não há amor sem troca. Ou não. E o que vocês dão para ele nunca é suficiente, pois sempre esperam algo em troca, mesquinhos. E seus espíritos? Eles não passaram por nada. Apenas sorriem e esperam o gozo. Não queiram ser perfeitos, pois esse é o fim da linha. Após a perfeição nada mais existe e tudo perde o sentido. Após a perfeição, não se é mais nada e nada mais se sabe do tudo que se compreende. Não sei se Deus espera o sacrifício doloroso que vocês não querem dar a ele, mas meu espírito pede. O meu deseja que eu me sacrifique e desmorone, me perca, me humilhe, sofra nos fogos de todos os infernos eternamente, para assim descobrir minha alma, calma e despreocupada, pois sabe que tudo se acaba, inclusive ela mesma e não precisa pressa para ir a lugar algum.
Pensei nisso e hoje ouvi novamente essa idéia: "A todo momento, a maioria das pessoas imagina como gostariam de ser." E ficam vivendo com essa imaginação, esse sonho. Até refletem no espelho seus corpos malhados para não verem suas banhas caídas. Seus apartamentos de luxo para não verem o cafofo em que vivem. E eu? Eu vejo um borrão quando penso no que gostaria de ser. Ou talvez não... talvez eu veja várias coisas, tantas que nem sei qual escolher. Nunca sei escolher entre chocolate e morango... não sei qual vou desejar nesse dia. Nunca sei escolher entre a minha vida passageira e fútil ou minha morte para a vida eterna.
Por que existe essa necessidade minha de encontrar um caminho? Por que não me sinto satisfeito em ficar perdido o tempo todo e só? Seria-me melhor. Melhor... me perco nessa de ser bom ou mau comigo mesmo, destruir, auto-destruir, auto-aperfeiçoar... morrer viver.

"De repente, estamos em casa e um amigo nos liga para fazer uma viagem e nós vamos. De repente, um antigo amor liga e pede consolo."