segunda-feira, 7 de julho de 2008

O não-eu

Um mundo cheio de buracos. O vazio que se instala em cada canto mostrando seu silêncio afável. Músicas distantes tocam para mim, mas não as ouço, de tão longe que elas vêm percebo apenas a alegria de quem canta. Ali posso me ver, estou perdido nos dias sem noites, sem senso e nem humor. Eu sinto que perdi as canções que estava a tocar. Tocava, tocava, as músicas que compus ontem parecem mais felizes hoje. O ontem é sempre mais feliz. E eu aqui sentado no vazio das minhas palavras. Palavras que eu já disse: "tu não te igualas ao pensamento" e hoje eu sei: "meu pensamento tornar-se inferior a vós". Isso e todas essas palavras pomposas, hipócritas, desiguais que não me dizem respeito. Eu não me digo respeito. E tudo que escrevo está perdido. E tudo que eu sei é tolice.

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